Compasso retilíneo
A miséria que afoga o meu coração
Desfaz todas as minhas esperanças
O meu coração
É um barco a navegar
Sem leme, sem vela
Sem ninguém
O leme me agrada ate certo ponto
Mas uso a ele, e segundos depois me canso
Daquele formato pontiagudo
Rígido, estável, resistente as adversidades
A vela
Adoro a vela
Encontro-me, na vela
O seu formato fraco
Frágil sujeito as intempéries do tempo
Um formato tão maravilhoso
Que pode me envolver
Cobrir-me, me esconder onde diversas pessoas vêem
E o compasso retilíneo ao qual o meu corpo se perde
Em busca mais da vela, do que do leme
Como um barco solto no mar, que se machuca em pedras
Sofre fisicamente com o sol do dia
E sofre mais ainda psicologicamente
Com a lua da noite, lua essa que faz
Surgirem diversos sonhos
Onde a vela é a protagonista
Certifico-me que esse barco vai afundar
Ele vaga sem nada, sem direção
Sem ninguém, para orientá-lo
Beijando, tragando e bebendo
Todas as pedras no caminho
Sem receio
Em algum momento
Um buraco vai se abrir
E ele, vai cair no esquecimento.
Jaqueline Riquelme