o
artista é um egoísta
ele
cria e recria
o
que lhe cabe
somente
o que aprecia
e por pura conhecidência
numa
simples aparência
cada
um outro
em
um frágil
desconforto
admira
o que é
Exposto
Frente
a frente
Rosto
a rosto
O
artista é composto
Crispim Quirino - Romancista, poeta, ator e professor
ResponderExcluirSeu poema "A arte do artista" mostra a profundidade "aparente" do que é a arte: quando essa mesma arte é notada, compreendida, sentida e vista como "o outro" pelos olhos do outro; é o que se diz de uma imagem refletida pelo "espelho da palavra". Daí a "comunicação" da arte criada pelo artista e compreendida pelo espectador. MUITO bonito o poema da escritora. Mostra uma geração culta e atenta às mudanças sociais em vários aspectos... Linguagem clara, o poema "A arte do artista", de 14 versos, 3 estrofes e live, aponta, introspectivamente, o "olhar" crítico e a consciência social, pelas artes, que o lirismo de "Jaqueline Riquelme" aponta enquanto produção literária, no caso, a "poesia" - poesia aqui sentida, lida e notada pelo leitor em seu sentido maior e que requer o fazer dessa arte enquanto prática, leitura, reflexão, intuição e muito conhecimento do saber fazer. Muitos se dizem poetas, mas poucos escrevem "poesia". E a poesia de Riquelme sabe mostrar essa diferença (pelo menos essa poesia, já que as outras não conheço para merecer uma análise crítica e literária que requer). E sobre o artista ser um "egoísta", como denuncia a autora, não quer dizer que seja um egoísmo barato, de massa e por vezes simplório enquanto mercado, não, é um egoísmo saudável, construtivo e artístico mesmo, já que essa é (su)a função, criar e recriar (sua) arte. Sua produção primeira. Ao passo que esse artista vai tomando ambição pelo que faz, sua proporção vai logo sendo percebida, notada e vista pelos "olhos" alheios e assim formar o cabedal de sua "originalidade": face a face, "rosto a rosto" e de "frente" como ela mesma se coloca enquanto escritora e pessoa física. Vale apena apostar em Jaqueline Riquelme, primeiro por ser poetisa e por possuir linguagem e estética próprias, segundo, por ser mulher/humana e consciente do papel social/artístico que ocupa em sociedade enquanto cultura poética. Não há dúvidas.